O Japão na visão de um Lean Implementer Brasileiro

 

 

10/07/2020

 

Msc. Eng. Gilberto Braga Wanderley

 

Contextualização :

Este trabalho é o resultado de observações, minhas, diga-se de passagem,  em uma Missão ao Japão, que  participei a convite do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), e que foi totalmente financiado pela JICA (Japan International Cooperation Agency).

 

Um grupo de 14 pessoas mais eu, passamos 30 dias na cidade de Nagoia e viajamos pelas redondezas, visitando empresas e cidades próximas além de percorremos, a pé, diversos bairros da própria Nagoia.

 

A Missão teve por missão identificar a forma como os japoneses fazem as coisas (Monozukuri) e estabelecer uma interpretação deste modo de agir, para repassar aos fornecedoras da industria automotiva brasileira esta tecnologia.

 

Este trabalho foi dividido em 3 partes ,  a saber:

 

Parte 1 - Uma visão sucinta do Japão e do japonês;

Parte 2 - Nosso grupo de pesquisa e as primeiras observações;

Parte 3 – Outras observações e conclusão final.

 

O trabalho não tem a intenção de ser um artigo acadêmico, mas sim disseminar algumas impressões próprias de alguém que pratica Lean Manufacturing há mais de 35 anos e que teve seus conceitos um pouco modificados após esta viagem.

 

 

Parte 1 - Uma visão sucinta do Japão e do japonês

 

Msc. Eng. Gilberto Braga Wanderley

 

 

 

O Japão está situado no meridiano 130 e paralelo 40 do hemisfério norte.

 

 

As principais ilhas do Japão são em número de  quatro:

 

  • Honshu;
  • Shikoku;
  • Kyushu;
  • E Hokkaido.

 

O resto do arquipélago é formado por mais de trê mil ilhas localizadas entre:

 

 

 

 

O Japão também é composto por 47 províncias:

 

 

As fronteiras do Japão:

 

 

 

 

 

 

 

 

O Japonês:

 

A cultura japonesa, com raízes chinesas, tem a ver com a preservação do próximo.

Cada um cuida do outro, porque sempre vai haver alguém cuidando dele.

Ao chegar num estacionamento de trabalho, o primeiro a chegar fica o mais longe possível do portão de entrada para permitir ao retardatário ficar o mais próximo possível deste.

A preocupação com a economia de recursos é percebida, pois possuem práticas públicas que economizam recursos, tais como preservar: calor, eletricidade, água, papeis, materiais, etc..

A regra de reduzir os desperdícios é a dos 3 R´s:

 

  • Reduzir;
  • Reusar;
  • Reciclar.

 

A presença brasileira no Japão:

 

  1. Nagoya onde realizamos nossos estudos, possui 6.000 brasileiros.
  2. A província de Aichi onde está localizada Nagoya, possui 25.000 brasileiros.
  3. O Japão inteiro possui 200.000 brasileiros.

 

            

 

Religião dos japoneses:

 

98% xintoistas: O xintoísmo é uma religião baseada no respeito e culto da natureza, sendo considerada uma grande aliada e imprescindível para a existência da vida na Terra. 

 

98% budistas: é uma doutrina religiosa, filosófica e espiritual e tem como preceito a reencarnação do ser humano de forma a prender-nos aos sofrimentos do mundo material.

 

 

Toyota promove eletrificação global de veículos fornecendo cerca de 24 mil patentes livres de royalties

 

Inclui patentes concedidas ao longo de mais de 20 anos de desenvolvimento da tecnologia de veículos elétricos híbridos

Por Assessoria de Imprensa  11/04/2019

Divulgado na revista CIMM

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Considerando a quantidade de tempo, dinheiro e recursos necessários para desenvolver a mobilidade sustentável, ajudar a combater as crescentes emissões e continuar utilizando a tecnologia atualmente disponível, a Toyota Motor Corporation anunciou, na última semana, no Japão, duas medidas relacionadas às suas patentes e ao seu conhecimento técnico para promover ainda mais o uso disseminado de veículos eletrificados.

 

Primeiro, a Toyota anunciou que concederá licenças isentas de royalties sobre quase 24 mil patentes (incluindo algumas aplicações pendentes) de tecnologias relacionadas à eletrificação de veículos. Em segundo lugar, a Toyota fornecerá suporte técnico mediante taxas para outros fabricantes desenvolvendo e vendendo veículos eletrificados quando estes usarem motores, baterias, PCUs, ECUs de controle e outras tecnologias de sistemas de eletrificação de veículos da Toyota como parte de seus sistemas de transmissão.

Por fim, ao conceder patentes livres de royalties e fornecer suporte técnico em seus sistemas de eletrificação de veículos, a Toyota pretende ajudar a promover o uso disseminado de veículos eletrificados e, ao fazê-lo, auxiliar governos, montadoras e a sociedade em geral a atingir metas relacionadas a mudanças climáticas.

 

"Com base no grande volume de contato que recebemos sobre nossos sistemas de eletrificação de veículos de empresas que reconhecem a necessidade de popularizar tecnologias de veículos híbridos e outras tecnologias de veículos eletrificados, acreditamos que agora é a hora da cooperação", disse Shigeki Terashi, membro do Conselho e Vice-Presidente Executivo da Toyota Motor Corporation. "Caso o número de veículos eletrificados acelere significativamente nos próximos 10 anos, eles se tornarão padrão, e esperamos participar apoiando esse processo.”

 

As patentes livres de royalties são tecnologias avançadas encontradas em veículos eletrificados, especialmente aquelas usadas em veículos híbridos elétricos (HEV) que ajudaram a Toyota a obter um desempenho melhor, um tamanho reduzido e uma redução de custos. Mais especificamente, as patentes incluídas são de peças e sistemas, como motores elétricos, unidades de controle de potência (PCUs) e controles de sistema. São tecnologias essenciais que podem ser aplicadas ao desenvolvimento de vários tipos de veículos eletrificados, incluindo HEVs, veículos híbridos elétricos plug-in (PHEV) e veículos elétricos movidos a células de combustível (FCEV).

 

Patentes liberadas pela Toyota

 

A Toyota oferecerá cerca de 23.740 patentes obtidas ao longo de mais de 20 anos de desenvolvimento de tecnologia de veículos eletrificados. O período de concessão já está vigente e durará até o fim de 2030. Os contratos para as concessões podem ser emitidos por meio de contato com a Toyota, discutindo termos e condições específicas de licenciamento.

 

A Toyota já oferece 5.680 patentes relacionadas aos seus veículos elétricos movidos a células de combustível (FCEV) desde janeiro de 2015. Agora, a Toyota está incluindo cerca de 2.590 patentes referentes a motores elétricos, 2.020 patentes referentes a PCUs, 7.550 patentes referentes a controles do sistema, 1.320 patentes de transeixo de motores, 2.200 patentes de carregador e 2.380 patentes de célula de combustível (elevando a 8.060 o número total de patentes relacionadas a essa tecnologia.)

 

Quanto ao suporte técnico mediante taxas que será oferecido pela Toyota, os detalhes específicos incluem o fornecimento de visões gerais dos sistemas de eletrificação de veículos, guias de controle e explicações detalhadas dos guias de ajuste de veículos que utilizarão seus sistemas. A orientação que a Toyota fornecerá inclui, por exemplo, ajudar outras montadoras a atingir um alto nível de desempenho do produto em termos de eficiência de combustível e produção, adequados aos veículos que estão desenvolvendo. Os serviços serão baseados em contrato. Mais detalhes serão fornecidos às partes interessadas.

 

Meio ambiente e emissões de CO2

 

Ao oferecer patentes livres de royalties e suporte técnico para veículos eletrificados, a Toyota enxerga uma oportunidade para incentivar o desenvolvimento e a introdução de veículos eletrificados no mercado em todo o mundo, algo que considera, há tempos, uma questão de máxima prioridade administrativa sob a sua forte crença de que os veículos ecológicos contribuirão para a luta contra as mudanças climáticas, caso sejam amplamente utilizados, por meio da redução das emissões de CO2.

 

Em 2015, a Toyota identificou metas para reduzir suas próprias emissões e estabeleceu seu Desafio Ambiental 2050, um conjunto de metas de longo prazo para a sustentabilidade, com o objetivo de reduzir as emissões de CO2 de seus veículos e instalações. Em 2017, anunciou um plano de vendas para a disseminação de veículos eletrificados até o fim de 2030.

O contato com a Toyota para obtenção de patentes deve ser feito por meio do site  https://global.toyota/en/mobility/case/patents2030.html.

 

 

O Japão na visão de um Lean Implementer Brasileiro

 

10/07/2020

 

Msc. Eng. Gilberto Braga Wanderley

 

Parte 2 - Nosso grupo de pesquisas e as primeiras observações

 

 

 

 

Da esquerda para à direita vemos:

 

Marcos Arruda, Romeu Balabem, Fabiano Dell Agnolo ,Cláudio Colombo, Gleison Cruz, Marcelo Palma, Izabel de Souza, Tiemi Yamashita, Giocondo Cesar, André Macedo, Gerson Luqueta, Gilberto Wanderley,Ubiratã Bueno,Wilson Storolli e Edson Kitani (fotógrafo).

 

Viajamos numa missão de estudos ao Japão para tentar entender, profundamente, como os japoneses fazem as coisas. Metade de nosso grupo viajou via Paris e a outra via Atlanta ,USA.

 

Já ao chegarmos no aeroporto de Narita, Tokyo a sensação foi muito boa, não só por chegarmos no Japão depois de aproximadamente 50 horas de viagem, mas por ter dado tudo certo, e já termos duas pessoas da JICA (Japa International Cooperation Agency), devidamente identificadas, nos esperando naquele lugar desconhecido. Estas pessoas já estavam com nossa nominata e prontas para nos conduzir ao aeroporto de Haneda, , distante 80 km de onde estávamos e onde embarcaríamos em outro avião para Nagoya..

 

O translado foi de ônibus, e matou um pouquinho de nossa curiosidade. Já no caminho para Haneda, nossos olhos brilhavam ao observarmos suas estradas perfeitas, prédios relativamente baixos, a vegetação meio seca por ser o pior inverno dos últimos 37 anos, tecnologia nas coisas, e sempre buscando associações com o Lean Manufacturing.

 

Quanta qualidade já nos foi mostrada desde a chegada ao Japão!

 

  • Nosso time foi ao Japão para aprender Monozukuri, ou seja , a forma como os japoneses fazem as coisas.

 

 Começamos tentando entender a estrutura de educação nipônica que é estruturada conforme abaixo:

 

Jardim de infância:  idade 3 anos à 6 anos

Escola primaria:  idade 7 anos aos 12 anos (6anos de ensino)

Ginásio (júnior high):   idade 13 à 15 anos (3 anos de ensino)

Colegial (sênior high):  idade 15 à 18 anos (3 anos de ensino)

Universidade: idade 18 anos de idade (depende de carreira: literatura, economia: 4 anos, medicina: 5 anos e depende também da especialidade)

Mestrado: 2 anos

Doutorado: 3 anos (depende da especialidade)

 

Existe ensino pago e público.

 

A diferença entre os níveis de educação comparando o modelo brasileiro e o japonês, se não são iguais são muito parecidos.

 

 

As faixas etárias de ensino e a duração de cada nível, parece até que o Brasil copiou deles!

 

Mas o que haverá de tão diferente entre o resultado prático  de um aluno japonês e o de um brasileiro? Nossa prova do ENEM é a mostra mais recorrente do resultado da estrutura do ensino brasileiro. O resultado do modelo japonês é escancarado pela qualidade de sua nação, de sua estabilidade política e econômica e de seu modo de vida.

 

O que será tão diferente por lá? Será que é no seu planejamento de longo prazo, que direciona a forma e a qualidade de ensinar?

 

Num belo dia, estava assistindo uma de nossas palestras na sala de aula da JICA, quando comecei a perceber um volume intenso de adolescentes japoneses, na faixa dos 12-13 anos, subindo as escadas daquele centro de treinamento, com planilhas nas mãos e observando a coletânea de fotos nas paredes dos cases patrocinados pela JICA, e fazendo perguntas para seu Sensei.

 

Fiquei curioso com aquela criançada toda entrando num centro de desenvolvimento de países emergentes, no caso a JICA, e fui atrás perguntar ao Sensei, o que estavam fazendo ali. Resposta estavam fazendo uma pesquisa sobre o desenvolvimento de países emergentes e estavam utilizando as experiências da JICA como conteúdo para seus trabalhos e, além disso teriam que apresentar um report, em no máximo uma semana.

 

Gostaria de ter ficado lá para assistir suas apresentações!

 

A pergunta que se faz é por que existe tanta diferença nos resultados do ensino do Japão comparado a Brasil, se os níveis de ensino são os mesmos, para mesmas faixas etárias e com mesmos números de anos letivos?

 

Eles são educados desde a infância e aprendem a respeitar os mais velhos desde a infância também.

 

O transporte urbano chama a atenção pelo baixo nível de ruído.

 

Ao chegarmos a Nagoya e caminharmos pelas ruas e já tivemos um impacto importante quanto a uma das formas de transporte do povo de lá, a bicicleta. O interessante é que eles possuem locais para estacionar suas “bikes” nas calcadas das ruas (e com locais de proibido, estacionar também) além disso, não colocam correntes para evitar roubos.

 

A arquitetura local também é muito bonita contrastando a moderna, com a antiga dos templos antigos.

 

 

Mas, o que chama ainda mais a atenção é a educação do povo: ruas lotadas de automóveis, mas sem os terríveis ruídos de buzinas, ruas extremamente limpas e pessoas respeitando os faróis verde e vermelho. Os japoneses não atravessam as ruas, mesmo que não passem automóveis e ainda mais, esperam o sinal abrir mesmo com vento, frio e chuva.

 

Carros de polícia vimos 2 em quase 30 dias.

 

A pergunta que se faz é: Como eles conseguem educar seu povo assim, respeitando a propriedade alheia e suas regras?

 

Nas visitas as fábricas percebemos o cuidado dispensado ao treinamento. Preocupam-se que quando a pessoa for para o local de trabalho, realizem com segurança, qualidade e produtividade além de serem educados para entenderem o pensamento do patrão.

 

Abaixo mostra-se a estação principal de transportes públicos de Nagoya, que funciona sete dias por semana, e lotada de pessoas todos os dias. Há um movimento intenso de pessoas neste local, com três níveis abaixo da rua e com muito comércio de tudo que você imaginar, mais dezenas de restaurantes e confeitarias.

 

A pergunta que se faz é: O que faz haver uma concentração de pessoas tão grande neste local? Será que é o desenho do transporte público com qualidade?

 

  • O Shinkansen ou “Trem bala”

É nesta mesma estação que se pega o shinkansen ou trem bala, limpíssimo, pontualíssimo e muito rápido (300 km/hora).

 

No vídeo a seguir é mostrado o “tempo de setup rápido da limpeza do trem” e a qualidade desta, neste meio de transporte.

 

  • Um bairro pobre de Nagoya

 

Aqui uma visão de um bairro pobre de Nagoya, onde se salienta a religiosidade e a organização de suas casas e a plantação de pequenas hortas no pouco espaço disponível

 

 

 

 

  • Alimentação

 

A qualidade está presente em todos aspectos da vida dos japoneses, particularmente no comércio de alimentos onde se percebe o visual dos hortifrutis, dos pescados e eles gostam de carnes também, bem bonitas e com preços, inclusive, bem acessíveis para brasileiros.

Este é o aeroporto internacional de Haneda onde a culinária japonesa é servida com os mesmos preços da cidade.

 

 

  • O Castelo de Nagoya,

 

Ponto turístico imperdível, mostra a habilidade dos japoneses no artesanato na acomodação de pedras, simplesmente apoiadas, umas sobre as outras e na marcenaria impecável de suas edificações totalmente isentas de pregos ou parafusos.

Será que vem daí toda esta cultura de fazer qualidade?

 

 

  • O Castelo de Hamamatsu

 

Outro ponto turístico imperdível é o Castelo Hamamatsu, uma ruína de um castelo localizado na cidade de HamamatsuShizuoka. Este é um castelo onde o primeiro shogun do shogunato Edo, Ieyasu Tokugawa viveu por 17 anos, a partir de quando ele tinha 29 anos até 45 anos. É também chamado de "O Castelo de Promoção", porque as pessoas que se tornaram donas do castelo durante o shogunato Edo foram promovidos a uma posição importante.

 

É famoso também, por sua parede de pedra que foi construída no estilo de "Nomenzumi" ou seja, os muros foram deixados como era. Diz-se que, se os visitantes encontram uma pedra em forma de coração na parede de pedra, significaria ao visitante boa sorte.

 

Novamente, percebe-se muita habilidade na construção com pedras empilhadas e na marcenaria, locais.

 

  • O Museo da Toyota

 

Aqui mostramos o museu da Toyota, montado no mesmo prédio onde nasceu a fábrica de teares. Lá é apresentada a história do desenvolvimento tecnológico da indústria de teares, bem como a do automobilismo da Toyota.

 

Logo na entrada do museu encontramos um grande tear de tecido de algodão

 

 

Após, observa-se os teares menores, em madeira, como o dá mãe de Sakichi Toyoda , (fundador do grupo Toyota) que por volta de 1890 ficava observando-a manuseando um tear de madeira e imaginava maneiras de facilitar o seu trabalho.

 

 

 

As modelações dos primeiros carros da Toyota.

 

 

A evolução de um fabricante que aposta em qualidade e possui o negócio automobilístico mais rentável do mundo.

 

 

  • O Museu da Suzuki

 

Aqui já é o museu da Suzuki que teve uma história similar a da Toyota, iniciada também com teares, passando pela fabricação e motorização de bicicletas, motos e carros.

 

 

 

 

 

 

COVID-19 é Doença Ocupacional!


Mantenha a sua empresa aberta no período de distanciamento controlado!

Preparamos a sua empresa, para que reinicie seguindo todos os protocolos de segurança – COVID-19

Mais do que suportar esta CRISE, a sua empresa precisa
se proteger para “decolar” após a CRISE, com segurança!

 

Conforme sabemos que no rastro do Covid-19, como se não bastasse, estão surgindo novos desafios para os gestores:

- Processos trabalhistas: o Covid-19, tratado como doença ocupacional pelo STF, gera insegurança para as empresas, mas deve também levar aos empregadores maior preocupação em seguir os protocolos de prevenção....

 

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/04/30/para-stf-covid-19-e-doenca-ocupacional-e-auditores-poderao-autuar-empresas

 

- Multas e interdições: poder público evidencia o não cumprimento de protocolos do Covid-19...

(https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2020/05/18/com-casos-de-coronavirus-frigorificos-sao-interditados-no-rs-e-em-sc.htm); ( https://revistanews.com.br/2020/07/02/vigilancia-sanitaria-interdita-o-supermercado-zaffari-em-caxias/ ).

 

 

O Japão na visão de um Lean Implementer Brasileiro

 

 

10/07/2020

 

 Msc. Eng. Gilberto Braga Wanderley

 

Parte 3 – Outras observações e conclusão final

 

Após estes quase 30 dias de imersão em estudos no Japão, e mais de 2 anos de pesquisa sobre a história japonesa e, a questão geoclimática do Japão,  além de me apoiar os meus já 35 anos de disseminação do Lean Manufacturing, com o intuito de  revisar meus conceitos, e conseguir algo sobre a forma de fazer as coisas no Japão e os seus porquês, gostaria de disseminar o seguinte:

Gostaria de separar a base de sustentação de minha conclusão em 8 temas e a conclusão final, propriamente dita:

 

3.1 A formação do povo japonês:

 

Pré-história

 

Pesquisas arqueológicas indicam que o Japão já era ocupado por seres humanos primitivos há cerca de 500.000 anos atrás, durante o período paleolítico. Durante as eras glaciais, o Japão esteve conectado ao continente asiático, o que facilitou a migração para o arquipélago japonês.

Com o fim da última era glacial, surgiu a cultura Jomon por volta de 11.000 A.C., caracterizada por um estilo de vida semi-sedentário, com a subsistência baseada em coleta e caça.

Durante este período foram fabricadas as mais antigas cerâmicas do mundo. Acredita-se que esses povos Jomon são os ancestrais dos japoneses e dos ainus.

 

 

3.2 aprendizado sobre o cultivo do arroz:

 

A partir de 300 AC começa o período Yayoi, que é marcado pelas tecnologias de cultivo de arroz e irrigação, trazido por migrantes da Coreia, China e outras partes da Ásia.

 

A família imperial japonesa mantem-se de forma contínua no trono desde o princípio do período monárquico, no século VI A.C. Os imperadores traçam sua ancestralidade até o mítico reinado de deuses sobre a terra, dos quais seriam descendentes.
 

Na prática, uma migração de famílias provavelmente coreanas (dos quais a língua japonesa é aparentada) e/ou chinesas (dos quais sua escrita é derivada) para o Japão, ocorrida pouco antes, teria formado comunidades grandes o suficiente e culturalmente identificadas entre si que teriam se unido sob um monarca nos moldes do sistema político de seus países natais. A partir de então, o poder imperial teria se estendido aos povos nativos pela assimilação ou conquista militar.

 

A acumulação de grandes extensões de terra em mãos de particulares, possibilitou a ascensão dos administradores locais, os Daimyo. À medida que suas terras eram removidas das listas de impostos, aumentava a renda dessa classe social.

 

As grandes ligas de guerreiros eram chefiadas por famílias que se consideravam de ascendência imperial. Era prática enviar os filhos mais novos do imperador ao campo, quando não havia mais lugar para eles na corte. Por determinação dos códigos, deviam mudar de nome após seis gerações; assim, no século X, os guerreiros se afiliaram a duas grandes ligas, lideradas pelas famílias Minamoto e Taira, que se diziam imperiais.

 

Nos séculos III e II a.C., a China, sob o Império dos Han, atingiu o Japão, introduzindo dois componentes básicos da civilização que aí se desenvolveu: a cultura do arroz, e a metalurgia do ferro e do bronze.

 

 

A colheita do arroz. Raiz da cultura do trabalho em equipe

O Trabalho em equipe e o pensamento coletivo como compromisso

 

 

3.3 Os instrumentos de metal e sua importância no desenvolvimento da cultura do arroz

 

O cultivo do arroz, com a utilização dos instrumentos de ferro, pôde-se desenvolver rapidamente, e sua expansão exigiu a incorporação das terras secas, até então  não aproveitadas, o que foi realizado pela irrigação, que, por sua vez, demandava mão-de-obra em maior quantidade.


Assim, a cultura do arroz das águas tornou-se importante atividade econômica e as terras próprias para o cultivo passaram a ser disputadas pelos diversos clãs. A disputa pela terra deu origem a processos de estruturação social distintos: os vencedores, que se tornavam proprietários, e os vencidos, que eram transformados em escravos.

 

Consta uma narrativa de dois chineses que viajaram ao Japão, no século III, que foi registrada a existência de um país chamado Yamatal ou Yamato governado por uma rainha, de nome Himiko, que dominava 28 nações.

 

No plano externo, a expansão do Yamato dirigiu-se à Coréia. Em 391 uma expedição japonesa atingiu a península coreana e a partir daí, até 562, o Japão ocupou Mimana – província ao sul da Coréia, rica em minérios de ferro.


Ao mesmo tempo em que o sistema Uji-kabane possibilitava o fortalecimento do Estado, verificava-se, também, a influência cultural da China, graças à presença constante de técnicas e intelectuais chineses no Japão, os quais trouxeram para o arquipélago o budismo, introduzido no Estado Yamato.
 

 

3.3 A unificação do Japão:

 

No século XVI ainda perdurava a desordem e a desfragmentação no Japão, que chegou a ter, de 1335 a 1392, duas cortes imperiais. Mas, ao final do século XVI, alcançara substancial unificação, ou pelo menos a pacificação. Isso foi obra de três grandes generais: Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu. Homens de grande capacidade militar, criaram uma base estável para o exércíto da administração Tokugawa, que durou até 1867.

 

O Japão antigo é geralmente identificado como uma extensão histórica e cultural da China. Isso por causa das contínuas e decisivas influências da cultura chinesa no processo de formação e desenvolvimento da civilização japonesa e pelo fato de que são os documentos chineses os que introduzem a sua história antiga.


Entretanto, é inegável a existência da expressiva especificidade japonesa, muito embora as pesquisas arqueológicas e históricas que a revelam datem apenas de 1945, por isso os aspectos conhecidos são ainda incertos e incompletos.
Assim, por exemplo, não se sabia  que o arquipélago japonês é habitado há mais de 10 mil anos.

 

3.4 Florescimento cultural do Japão:

 

Em 710 fixou-se a capital na cidade de Nara ( parte oeste da atual cidade com o mesmo nome).
Nesse período, a China, além de possuir influência direta no Japão, servia de intermediária às influências da Pérsia e da Arábia, com as quais mantinha contato.


O período do regime Ritsuryo assinalou-se por grande progresso interno e florescimento cultural. “A grandeza cultural do período de Nara constitui fruto do trabalho escravo em sua grande parte, aliás como sucede em todos os Estados antigos (Egito, Grécia, Roma etc.).”

 

3.5 A literatura Japonesa: 

 

Deste período datam também os primeiros livros escritos no Japão e o que existe até hoje. Em 712 surgiu o kojiki (Fatos Antigos), o mais antigo documento histórico literário escrito em língua japonesa atualmente existente. A partir de então foram produzidos textos que constituem as fontes indispensáveis para o estudo da história antiga do país.

 

3.6 As ambições de conquistas japonesas:

 

Completadas as reformas internas no continente, o governo decidiu alcançar uma condição de igualdade com as potências ocidentais. Uma reforma dos tratados, com vistas a extinguir os privilégios judiciais e econômicos desfrutados pelos estrangeiros, foi tentada desde o início, mas as potências envolvidas recusaram-se a tratar do assunto até que as instituições legais japonesas se equiparassem às ocidentais. Os assuntos asiáticos ocuparam lugar secundário da política externa dos primeiros anos, mas já no início da década de 90 tornava-se clara a preponderância chinesa na Coréia, o que alarmava Tokyo.

As hostilidades sino-japonesas começaram no mar, e depois a luta transferiu-se para a Coréia. Vitorioso em todas as batalhas, o Japão impôs um tratado humilhante ao adversário, mas as potências europeias se recusaram a aceitar Tokyo como sócio na partilha das riquezas da China. Alemanha, França e Rússia forçaram os japoneses a devolver a península de Liaotung, tomada à China, em troca de uma indenização. Em 1889, a Rússia forçou a China a ceder-lhe a referida península, com sua importante base naval de Port Arthur.

 

A partir do século XV

 

Escavações recentes vieram confirmar as grandes expedições marítimas levadas a cabo, no início do século XV, pelos Ming da China. Entre 1404 e 1433, pelo menos seis expedições partiram da China rumo ao Sudeste asiático e para a Índia e Arábia. Também duas grandes expedições navais chinesas, no início do século XV, atingiram a costa oriental de África.
Apesar destas viagens ou expedições terem sido realizadas, sobretudo, por razões políticas e diplomáticas, elas tiveram uma vertente comercial, o que denota o esplendor dos Ming, já que as cartas de marear e mapas desenvolvidos durante estas viagens permitiram a abertura das rotas comerciais marítimas e o estabelecimento de redes, desde a costa chinesa à costa de África. Os juncos chineses eram vistos por todo o Mundo.


Apesar da porcelana chinesa da época ter sido encontrada na costa oriental de África, muita dela data do século XIV e mais tarde, quando se desenvolveu um comércio florescente. 

 A porcelana chinesa foi encontrada ainda mais longe, no interior de África, no Grande Zimbabwe, assim como ao longo de toda a costa sul.
Depois de os espanhóis terem chegado a Manila, em 1560, nova rota comercial foi aberta pelo Pacífico com uma quantidade considerável de porcelana Ming a ser embarcada, via Acapulco, para a Europa.


Após o desgaste da população e da terra sob o domínio mongol, os imperadores Ming procederam a grandes reformas na agricultura, introduzindo em larga escala programas de irrigação, drenagem e reflorestação.


Como resultado, a população cresceu de cerca de 60 milhões, em 1350, para quase 200 milhões, por volta de 1550.
O sistema fiscal foi revisto, com vista a encorajar os pequenos proprietários, enquanto se desenvolveu um novo sistema burocrático para facilitar a administração provincial.


As obras públicas, em larga escala, como a construção de canais e a reconstrução da Grande Muralha, refletem a consolidação e estabilidade política.
A indústria, especialmente a da seda e a do algodão, assim como a cerâmica, desenvolveu-se e o comércio registou um "boom", vindo ao encontro do desafio de um mercado mundial, quando os comerciantes europeus começaram a aparecer no século XVII. Os principais produtos exportados pela China no século XV eram as lacas, a seda, o chá e as porcelanas.
De 1400 a 1600, Pequim, a principal capital do império Ming, era a maior e mais populosa cidade do Mundo.
Apesar de todas as expedições e da prosperidade vivida da corte Ming, a expansão marítima não durou muito.
A partir da segunda metade do século XV, e como as costas chinesas estavam sujeitas aos ataques dos japoneses ou dos piratas, a China voltou a fechar as suas portas ao exterior.


Nesta altura os europeus estabeleceram os primeiros contatos regulares por mar com as cidades chinesas costeiras - foi o caso dos primeiros navegadores portugueses, que chegaram à China em 1517, e dos holandeses, em 1601.

 

3.7 A questão geoclimática do arquipélago japonês e a cultura do planejamento

 

Fragmentado em milhares de ilhas, o território do Japão é pequeno se comparado a sua grande população.

relevo do país é formado fundamentalmente por montanhas, constituído por uma secção da era Cenozóica – relativamente recente, com menos de 65 milhões de anos – no nordeste e uma secção originada entre as eras Mesozoica e Paleozoica no sudeste, o que explica a carência de recursos minerais. A presença de minerais metálicos como ferro, ouro, manganês, entre outros, está condicionada a formações geológicas antigas, com pelo menos 2 bilhões de anos. Tal fator natural exigiu do Japão a conquista de porções da Manchúria chinesa e da Península da Coreia para sustentar o crescimento industrial japonês entre o final do século XIX e o início do século XX.

 

Ainda com relação às questões relacionadas ao relevo, o país está localizado próximo ao contato entre quatro placas tectônicas (Placa das Filipinas, Placa do Pacífico, Placa Euroasiática e Placa Norte-Americana). A maior parte do Japão está situada em cima da Placa Okhotsk, que por muito tempo foi considerada parte integrante da placa Norte-Americana. Além da formação de cadeias montanhosas, essa localização torna o Japão um país com altos níveis de instabilidade tectônica, com a presença de vulcanismo ativo, fazendo parte de uma zona conhecida como Círculo de Fogo do Pacífico, que concentra os maiores vulcões em atividade do planeta.

 

Outra consequência dessa localização é a vulnerabilidade a abalos sísmicos e tsunamis, nas mais diversas intensidades. Mesmo com estudos fundamentados em séculos de observação e alto nível de pesquisas geológicas, é praticamente impossível prever um grande terremoto com uma antecedência que permita a evacuação preventiva das áreas. Os danos provocados pelos terremotos de grande magnitude são igualmente imprevisíveis, como o tremor de 8,9° na escala Richter ocorrido no dia 11 de março 2011 que desencadeou um tsunami com cerca de 10 metros de altura, que entre tantos estragos causou o acidente na usina nuclear de Fukushima.

 

Conclusão final:

 

 Percebe-se alguma cultura japonesa, oriunda da China, tais como a engenharia, a capacidade invencionista, e a obcessão por conquista de novas terras, até porque o território do Japão é limitado, além de faltarem todo tipo de recursos naturais de ordem mineral e animal. No entanto, ao longo dos anos, e corroborado pelo ataque à Pearl Harbor, o Japão aprendeu a concentrar esforços em sua economia, ou seja, mais em seu próprio território, um arquipélago “abandonado” no meio do Pacífico, cercado por terremotos, vulcões, tsunamis e grandes potências mundiais, protagonistas de diversas tensões políticas internacionais, há muitos anos.

 

No entanto, percebe-se fortemente, a transmissão do DNA da liderança familiar às empresas, fortalecido pela criatividade empreendedora, e desenvolvida pela técnica da engenharia invencionista, oriunda da China (protagonista de uma época de grandes inventos para se defender de invasores e para a humanidade), associada a observação do trabalho, melhoria e sua padronização, mas com a participação de todos os envolvidos, como na colheita do arroz “raiz”, proporcionando  o engajamento de todos, o que fortaleceu seu aprendizado.

 

Percebe-se no povo japonês, também, uma grande habilidade no planejamento do trabalho, desenvolvido, presumivelmente, de sua necessidade de administrar um arquipélago, “cercado” no meio do Pacífico, por terremotos, vulcões, tsunamis e grandes potências mundiais, protagonistas de diversas tensões políticas.

 

Outra característica japonesa percebida, foi na questão de higiene, limpeza e organização. Eles se preocupam muito com a higiene, usando máscaras cirúrgicas em locais de grande concentração de pessoas, ao receber dinheiro em badejas padronizadas, na higienização em sanitários e até no distanciamento do convívio pessoal. A organização vem do respeito à cultura, desde a infância. Vê-se isto nas ruas, com as crianças respeitando os semáforos, na visita de crianças à ao centro de treinamento JICA com educação exemplar, e até ajudando aos mais velhos perdidos na cidade, como foi meu caso.

 

Finalizando, e depois de 35 anos de ensino e práticas do desenvolvimento da cultura lean em grandes, médias e pequenas empresas, começo a entender um pouco mais da importância de um “5Ss conceitual”. Este, precisa ser muito mais bem aplicado do que simplesmente ser um instrumento de limpeza e mobilização de uma equipe de empresa. Ele precisa ser focado em disseminar e potencializar a cultura lean, através do ensino da importância do que é um PADRÃO para se atingir um MODELO LEAN de melhoria contínua, que precisa ser disseminado, VIA LIDERANÇA em todos seus níveis.

 

Nossa  formatura

Nossa formatura com a presença do Consul do Brasil no Japão e do CEO Global da JICA.

 

 

Da esquerda para à direita, sentados estão:

 

Tiemi Yamashita, Cláudio Colombo, Gilberto Wanderley, o Vice Consul e o Consul do Brasil no Japão, O presidente da JICA, O Sr. Murata (CEO da Riim), Wilson Storolli, Marcelo Palma, Izabel de Souza.

 

De pé, da esquerda para a direita estão:

 

Duas representantes da JICA de todo suporte que recebemos no Japão, Edson Kitani, Sr. Takeshi, Gleison Cruz, Gerson Luqueta, Giocondo Cesar, Romeo Balaben, Yoko Saude (Tradutora), Fabiano Dell Agnolo, Ubiratã Bueno, Marcos Arruda, André Macedo, Maeda (tradutor) e um representante de assuntos internacionais no Japão.

 

Gostaria de deixar aqui um agradecimento especial ao Sindipeças, à JICA, ao Murata e sua equipe que nos passou muitos conhecimentos novos, aos meus colegas de missão acima nominados e um agradecimento especial aos nossos tradutores a Yoko ao Maeda e aquela senhora simpaticíssima que nos servia o café todas as manhãs.

 

POSICIONAMENTO SOCIOAMBIENTAL TOYOTA

 

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